quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Presidente da FenaPRF fala sobre combate da exploração sexual de crianças


O presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, Gilson Dias da Silva, concedeu entrevista ao Programa "Na Mão certa" da ONG Childhood Brasil (Instituto WCF-Brasil), braço brasileiro da World Childhood Foundation, criada pela Rainha Sílvia da Suécia. A organização possui escritórios na Suécia, Alemanha e Estados Unidos. Fundada em 1999, com sede em São Paulo e atuação em todo o Brasil, a ONG foi certificado como Entidade Promotora de Direitos Humanos e OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

A fundação tem como missão promover e defender os direitos das crianças e adolescentes, preservar a sua integridade física, psicológica e moral. A Childhood Brasil trabalha pela proteção da infância, com foco na questão do abuso e da exploração sexual. Atua apoiando projetos em comunidades e desenvolvendo programas regionais e nacionais.

Leia a entrevista na íntegra

A Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), em parceria com o Ministério do Turismo e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), lançou, no último dia 25, o programa Brasil 100 Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O objetivo é preparar 15 mil policiais da ativa e cinco mil aposentados para identificar e enfrentar os casos de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Em entrevista ao Programa Na Mão Certa, o presidente da FenaPRF, Gilson da Silva, fala sobre as mudanças, os objetivos e os desafios dessa iniciativa.

Programa Na Mão Certa: Quando e com que objetivo surgiu o programa Brasil 100 Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes?

Gilson da Silva : O Programa Brasil 100 Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes surgiu a partir da necessidade que identificamos de qualificar os policiais rodoviários federais para atenderem às vítimas de abuso sexual e suas famílias. O DPRF e a OIT já haviam feito o mapeamento dos pontos de exploração sexual nas rodovias brasileiras. Como uma entidade sindical voltada à defesa dos direitos dos policiais, mas também preocupada com os problemas enfrentados pela sociedade como um todo, levamos a idéia adiante. Tivemos apoio da Frente Parlamentar em Defesa da PRF e de parlamentares que, por meio de emendas orçamentárias, garantiram os recursos necessários para o início do programa.PNMC: Quais são as ações previstas pelo programa?

G.S.: Vamos trabalhar em cima de um eixo principal que é a qualificação de nossos policiais para o atendimento às vítimas. Vamos desenvolver um trabalho no sentido de sensibilizar os policiais para atuar não somente como agente do estado que atua na prevenção e coíbe os casos de exploração sexual, mas também como educadores junto às organizações sociais. Nessa linha, iremos promover, neste ano, oito seminários voltados à preparação de nossos quadros. Temos a certeza que essa mobilização da PRF em torno do combate a esse problema irá influenciar a sociedade a também buscar formas para coibir essas práticas ilícitas de uma vez por todas.
PNMC: Como acontecerá o treinamento dos policiais?

G.S. : O treinamento acontecerá por meio de seminários regionais e contará com a participação do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, OIT, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, além de autoridades e personalidades que tenham ligações afetivas e profissionais com o problema em questão. Esse grupo está elaborando uma apostila para ser utilizada nos cursos e também cartilhas, que serão distribuídas ao público.
PNMC: Quais serão as primeiras mudanças no atendimento às crianças e aos adolescentes vítimas de exploração sexual nas estradas?

G.S. : Queremos que as ocorrências de abuso e exploração sexual nas rodovias sejam tratadas de maneira diferenciada. Hoje, a PRF já trabalha este problema de maneira fantástica, apesar de não haver uma capacitação específica para lidar com essas situações. Precisamos, portanto, que nossos profissionais estejam preparados para o primeiro atendimento à criança e ao adolescente e também às suas famílias. Por outro, lado é importante dizer que a PRF está presente em toda a malha rodoviária federal e pode, a partir do esforço de seus profissionais, levar essa mensagem a milhões de motoristas que circulam pelo país. Isso, sem dúvid,a será uma arma importante no combate a esta chaga.

PNMC: Qual a importância na mudança, na abordagem e nas ações feitas pelos policiais?
G.S. : Não falamos em mudança, mas em qualificação. A forma como isso é feito hoje mostra que nossos policiais estão no caminho certo. Eles acolhem a criança ao mesmo tempo em que prendem o criminoso. Com o nosso programa, vamos oferecer mais informações e ferramentas para a abordagem do problema. Queremos, ainda, integrar nosso trabalho a outros programas governamentais e não governamentais que garantam que, depois de acolhida pela PRF, essa criança tenha apoio psicológico e seja assistida por programas sociais.

PNMC: De que forma os policiais aposentados ajudarão no programa?
G.S. : Atualmente, vários policiais aposentados, em todo o país, prestam relevantes serviços, voluntariamente, na área social. Os aposentados s erão um reforço espetacular para levarmos adiante esse programa, porque além de repercutir o programa por meio de suas redes de contatos, eles também incentivarão a sociedade a denunciar casos de abusos e exploração sexual, e podem repassar suas experiências aos policiais mais novos.

PNMC: O programa contará com algum outro parceiro?
G.S. : Hoje temos a parceria do Ministério do Turismo e o apoio da OIT e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Nossa intenção é agregar mais parceiros para estendermos o programa a todos os pontos do país, treinando nossos policiais e conscientizando a sociedade para a gravidade deste problema.

PNMC: A sociedade também poderá se envolver com este programa?
G.S. : Esse projeto e essa luta não são só da FenaPRF e da PRF - ela deve ser de toda a sociedade, que tem o dever de denunciar essa violência contra nossas crianças. Toda a sociedade deve estar nesta luta, que deve ser combatida com toda força por todos nós. Tenho certeza que, ao viabilizar este programa, a FenaPRF inaugura um novo modelo de sindicalismo, como entidade sindical que não está somente preocupada com as questões corporativas, mas com os problemas que afligem a nossa sociedade. O projeto Brasil 100 Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é mais uma semente lançada e, para que dê certo, carece do apóio e da ajuda de cada entidade, de cada cidadão responsável que sonha com o país livre desse cancro. Para isso, tenho a plena convicção do engajamento e do apoio irrestrito e incondicional de cada Policial Rodoviário Federal deste país.

Fonte: www.brasil100exploracao.com.br

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