quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Os 100 anos de Hannah Arendt

Existem autores cuja biografia pode não ter muita importância para o entendimento de sua obra. No caso de Hannah Arendt, podemos dizer que é o oposto.
O conhecimento de sua vida tem importância fundamental para se aceder a seu pensamento: centrado que é nos acontecimentos que ela presenciou, na sua experiência de judia alemã refugiada do nazismo e nas observações que pôde fazer da sociedade norte americana, na qual viveu a maior parte de sua vida. [...]

Como podemos ver, Arendt passaria a dedicar-se à política de forma integral. Em entrevista à televisão alemã, em 1964, afirmou: Não sou filósofa. Minha profissão – se pode ser chamada assim – é a teoria política. Eu me despedi irreversivelmente da filosofia. Estudei filosofia, mas isso não quer dizer que permaneci nela. A razão, por si mesma, a faculdade de pensar que possuo, tem necessidade de atualizar-se.
A preocupação com a política permeia toda sua obra, quer pela análise de regimes ou sistemas de governo, como o totalitarismo, ou de temas correlatos, como autoridade, liberdade, revolução, violência e desobediência civil, em livros como Entre o Passado e o Futuro, Crises da República e Da dignidade da política. A seu ver, o exercício do pensamento político consiste em mover-se na lacuna entre o passado e o futuro, tomando os acontecimentos do presente, da experiência viva, dos quais o pensamento pode emergir.[...]

Texto de autoria de Cláudia Perrone Moisés, publicado no jornal Valor Econômico, de 14 de outubro de 2006

Fonte: http://hannaharendt.incubadora.fapesp.br/portal/biografia/os-100-anos-de-hannah-arendt/