domingo, 30 de maio de 2010

ONU cobra novas leis contra escravidão

Em seu último dia de visita ao Brasil, a relatora da ONU (Nações Unidas) para formas de trabalho análogo à escravidão, Gulnara Shahinian, cobrou mudanças na legislação do país, com penas mais duras para quem submeter alguém a trabalho forçado.

Ela entregará um relatório com recomendações ao Brasil até setembro.

"A mensagem mais clara que o governo brasileiro pode dar à população para mostrar que o crime da escravidão não deixará de ser punido é aprovar a PEC 438/01 (proposta de emenda constitucional), que permitiria a expropriação das terras onde fosse encontrado trabalho forçado", disse em Brasília.

A PEC está em tramitação no Congresso há nove anos, o que a relatora da ONU considerou "inaceitável".

Shahinian adiantou ontem parte das recomendações que irá constar de seu relatório final. Uma das principais orientações ao governo será a de aumentar e fortalecer a quantidade de grupos móveis de fiscalização, do Ministério do Trabalho.

Para ela, esses grupos têm dificuldade de atingir todos os locais em que há denúncias de trabalhos forçados até pelo fato de o país ter proporções continentais.

"Nem sempre as condições de atuação são favoráveis", disse a relatora.

Shahinian lembrou também que há diversos casos de ameaças contra fiscais, e até assassinatos. Por isso, o governo precisa tomar medidas de proteção, para garantir a segurança dos fiscais.

VIAGENS

Segundo ela, os trabalhos forçados ocorrem tanto em áreas rurais quanto urbanas e atinge sobretudo homens jovens. Mato Grosso, Pará e Maranhão são hoje as áreas mais preocupantes.

"O Brasil tem potencial de se tornar a quinta maior economia do mundo, mas isso não deve acontecer à custa dos direitos das pessoas", afirmou Shahinian.

Na visita ao país, a relatora conversou com vítimas de trabalhos forçados, além de autoridades, ONGs, empresários e sindicatos. Ela teve acesso a fotos de flagrantes de trabalho análogo à escravidão. "Vi a água, a comida, onde dormem. É desumano."

Ela afirmou ter encontrado durante as viagens pelo país também diversos exemplos positivos de ações do governo e de ONGs. A relatora da ONU elogiou a libertação de trabalhadores pelos grupos móveis do governo federal nos últimos anos.

De 1995 a 2010, cerca de 37,2 mil trabalhadores foram resgatados por esse grupos, que realizaram em média 60 operações por ano desde 1995. Segundo o Ministério do Trabalho, não há estimativa do número real de brasileiros em situação de trabalho análogo à escravidão.

Fonte: Folha de S. Paulo

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Brasil perde Neide Castanha, uma das maiores defensoras de nossas crianças

Após dois meses de luta contra um câncer, faleceu em 26 de janeiro, aos 55 anos, a mineira Neide Castanha, referência no Brasil e no exterior na defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. Assistente social formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, especialista em políticas públicas e direitos da criança e do adolescente, Neide estava, desde 2004, à frente do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes.

Seu primeiro trabalho na área foi realizado durante a faculdade de Serviço Social, com meninas de rua da Praça da Sé, no centro de São Paulo. Entre muitas ações, destacou-se na mobilização nacional para aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou a violência e as redes de exploração sexual de crianças e adolescentes em 2003 e 2004. Foi também vencedora do Prêmio Cláudia 2009 na categoria Trabalho Social, além de ganhadora do prêmio Bertha Lutz 2008, destinado a cinco personalidades femininas que prestaram relevante serviço na garantia dos direitos femininos e em questões de gênero.

Veja a íntegra da nota divulgada pelo Fórum Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente:

Neide Castanha, uma guerreira que combateu o “bom combate”

É com profunda tristeza que o Fórum Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (FNDCA) informa o falecimento de nossa histórica militante Neide Castanho, que dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos. O sepultamento do corpo de nossa brava companheira acontecerá nesta quarta-feira (27), às 17h, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília (DF).

A combatividade e a garra de Neide Castanho contagiavam e mobilizavam a militância dos direitos da criança e do adolescente em todo o País. Quando se pensa especialmente no enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de meninos e meninas, a associação ao seu nome é imediata.

A perda desta importante amiga e companheira deixa uma lacuna profunda e um sentimento de saudade imenso. Mas para o FNDCA, Neide também deixa um grande legado e a certeza de que ela combateu o “bom combate”, com força, dedicação, inteligência e, obretudo, amor à causa.

Que Deus dê força aos seus familiares, colegas, amigos e companheiros de trabalho e de luta neste momento de dor.

Secretariado Nacional do Fórum Nacional DCA

Fonte: ANDI

terça-feira, 25 de maio de 2010

PRF realiza campanha de combate a exploração sexual infantil

O dia 18 de Maio foi instituído pela Lei Federal Nº. 9970/00 como o Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi escolhida porque em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade que foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens de classe média alta daquela cidade. Esse crime, apesar de sua natureza hedionda, prescreveu impune.

Compete à Polícia Rodoviária Federal órgão permanente, integrante da estrutura regimental do Ministério da Justiça, no âmbito das rodovias federais, fiscalizar e o controlar o tráfico de menores nas rodovias federais adotando as providências cabíveis contida na Lei n. 8.069/90. (Decreto n. 1.655/95)

Em 2004 deu-se início ao Mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais em parceria com a Organização Internacional do Trabalho – OIT e a World Chidhood Foundation – WCF, realizando operações em parceria com o Ministério Público do Trabalho.

Destarte, realizamos juntamente com a SEST/SENAT de Taubaté – SP, e os Conselhos Tutelares dos municípios de Taubaté, Roseira e Guaratinguetá e, concomitantemente, com a 19ª Subseção da OAB de Guaratinguetá uma Campanha de sensibilização e conscientização com a entrega de panfletos, entrega de camisetas da SEST/SENAT alusivas ao tema e adesivo do Programa na Mão Certa da Fundação WCF, sendo realizadas mini-palestras aos caminhoneiros, e panfletagens aos passageiros de ônibus de linha interestaduais.

A Campanha foi amplamente divulgada pela TV Vanguarda, filial da Rede Globo, que realizou uma reportagem ao vivo, tendo uma abrangência em todo o Vale do Paraíba. O jornal O Vale do município de São José dos Campos também publicou um artigo divulgando a realização da Campanha.

domingo, 23 de maio de 2010

MTE lança livretos sobre trabalho análogo ao de escravo

Brasília, 20/05/2010 - O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) lançará na próxima semana dois livretos com esclarecimentos e dados sobre trabalho análogo ao de escravo no Brasil. O material será apresentado durante o 1º Encontro Nacional sobre Trabalho Escravo, que será realizado entre os dias 25 e 27 de maio, em Brasília. O evento será realizado pela Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR).

Tendo como principal objetivo informar e esclarecer a população sobre a questão do trabalho análogo ao de escravo no Brasil, um dos livretos é composto de perguntas e respostas. O material foi elaborado pela Área Internacional da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do MTE, SDH/PR e Ministério das Relações Exteriores, por meio da Divisão de Temas Sociais. Seu conteúdo traz informações sobre o que é o trabalho escravo; ações do governo brasileiro para sua erradicação, o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, a Conatrae, o Grupo Móvel, reintegração social dos resgatados, prevenção de reincidência, entre outros.

O segundo documento foi elaborado pela SIT, sendo uma contribuição ao debate acerca do tema trabalho análogo ao de escravo durante o 1º Encontro Nacional sobre Trabalho Escravo. O documento traz uma explanação sobre o conceito do trabalho escravo, abordando seus aspectos constitucionais, o compromisso internacional do Brasil de combater o trabalho escravo e a inclusão da "Lista Suja" do MTE no Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Os livretos também ficarão disponíveis no site do ministério, para facilitar o acesso às informações.
Fonte: MTE

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mobilização geral pelo 18 maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), por meio da Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, promove a partir de domingo (16) uma série de atividades para marcar 18 de Maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O símbolo da campanha mais uma vez será uma flor e, com o slogan: “Faça bonito. Proteja nossas crianças e adolescentes”.

A mobilização começa a partir das 8 horas de domingo (16), com abertura no parque da Cidade, em Brasília (DF). São esperadas 700 crianças e haverá apresentações culturais das entidades que compõem o Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do DF. No final da manhã será promovida a já tradicional revoada de balões.

Na segunda-feira (17), será exibido o filme “Sonhos Roubados”, de Sandra Werneck, no Cinemark do Pier 21, em Brasília, às 14 horas. Em seguida haverá debate com as atrizes Kika Faria e Amanda Diniz. Além disso, será apresentada a peça “A Trajetória X”, dirigida por Fernando Villar, que é baseada em histórias de adolescentes que se encontram em situação de exploração sexual. A esquete será exibida também no dia 18, às 19 horas, no auditório 1, do Museu Nacional.

No dia 18 de Maio, no Salão Negro do Ministério da Justiça, será lançado o Prêmio Neide Castanha, que tem como objetivo reconhecer projetos e iniciativas exitosas no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Neide Viana Castanha foi por oito anos secretária-executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Além disso, Neide estava há 15 anos na coordenação do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria), do qual era uma das fundadoras. É um dos ícones da luta pelos direitos das crianças e adolescentes.

Para a mobilização geral do 18 de Maio também está previsto seminário em parceria com o Sesi (Serviço Social da Indústria), nos dias 20 e 21, no auditório José Carlos Gomes Carvalho do Edifício Roberto Simonsen, em Brasília.

Além do Distrito Federal, estão previstas atividades em outras sete unidades da Federação.
O material de divulgação da campanha é composto por cartazes, banners, pulseiras, cartões, bottons, camisetas, abanadores e adesivos. Também será distribuída cartilha de orientação na prevenção ao abuso e a exploração sexual.

Histórico – A data foi escolhida porque em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Crime Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas 8 anos de idade, que foi raptada, drogada estuprada, morta e carbonizada por jovens da classe média alta daquela cidade. Esse crime, apesar de sua natureza hedionda, prescreveu impune.

Mobilização geral para o Dia 18 de Maio

Domingo, 16 de maio de 2010O Comitê Nacional realiza a comemoração pelo Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Parque da Cidade, das 08h às 13h, com público estimado de 700 crianças e adolescentes (Informações: 61 3347-8524)DF- Brasília (Parque da Cidade)
Segunda-feira, 17 de maio de 201014h Exibição do Filme "Sonhos Roubados" de Sandra Werneck, seguido de debate com as presenças de Kika Faria e Amanda Diniz (Informações: Comitê Nacional - 61 3347-8524)DF - Brasília - Cinemark do Pier 21
19h - Avant Première da peça “A Trajetória X”, dirigida pelo diretor Fernando Villar.(Organização: Violes/SER/UnB - Assessoria: Ester Cleane -
violes@unb.br - 61 3322-8937)DF - Brasília (Auditório I – Museu Nacional - Conjunto Cultural da República)

Terça-feira, 18 de maio de 201010h - A Secretaria de Direitos Humanos e o Comitê Nacional promovem cerimônia em alusão ao 18 de maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, com o lançamento do Prêmio NEIDE CASTANHA (Organização: SDH - 61 2025-9907)DF - Brasília (Salão Negro do Palácio da Justiça)
Quinta-feira, 20 de maio de 201014h - Seminário Nacional - "Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes: Novas Estratégias de Enfrentamento" - Realização: SESI/CN e SDH/PR (Informações: SDH/PR 61 2025-9907)DF - Brasília
Fonte: SEDH

Dez propostas transformam abuso sexual de crianças em crime hediondo

Repórter Noéli Nobre
Da Agência Câmara de Notícias

Hoje é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Na Câmara dos Deputados, tramitam 21 propostas sobre o tema; 10 delas tornam hediondos os crimes de abuso e exploração sexual.

O Brasil tem avançado na luta contra a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes, mas os desafios para acabar com o problema ainda são muitos. Só nos primeiros quatro meses deste ano, lo Disque Denúncia da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) recebeu uma média de 73 ligações por dia.

Na Câmara, tramitam 21 propostas que pretendem aprimorar as leis que tratam do tema. A metade torna hediondos. A Lei 8072/90 define como hediondos os crimes de latrocínio, homicídio praticado por grupos de extermínio, extorsão qualificada por morte, extorsão mediante seqüestro, estupro, atentado violento ao pudor, disseminação de epidemia que provoque morte, envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal causando morte; e genocídio. A pena para o crime hediondo deve ser cumprida integralmente em regime fechado.
Além disso, esse crime é insuscetível de anistia, graça, indulto e fiança. os crimes de abuso e de exploração sexual de crianças. Há ainda propostas que preveem aumento de pena para esses crimes, castração química dos autores e orientação a professores para que identifiquem nos alunos os sinais de abuso. A maioria delas, portanto, aposta em penas mais duras para coibir os crimes de abuso e exploração. As penas atuais para abuso de crianças e adolescentes variam de 8 a 15 anos de reclusãoA reclusão é a mais severa entre as penas privativas de liberdade. Destina-se a crimes dolosos (com intenção).
Na prática, não existe hoje diferença essencial entre reclusão e detenção. A lei, porém, usa esses termos como índices ou critérios para a determinação dos regimes de cumprimento de pena. Se a condenação for de reclusão, a pena é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. Na detenção, cumpre-se em regime semi-aberto ou aberto, salvo a hipótese de transferência excepcional para o regime fechado. Há ainda prisão simples, prevista para as contravenções penais e pode ser cumprida nos regimes semi-aberto ou aberto., e o crime prescreve em 20 anos.
Para a exploração sexual, vão de 4 a 10 anos de detençãoA detenção é um dos tipos de pena privativa de liberdade. Destina-se a crimes tanto culposos (sem intenção) quanto dolosos (com intenção). Na prática, não existe hoje diferença essencial entre detenção e reclusão. A lei, porém, usa esses termos como índices ou critérios para a determinação dos regimes de cumprimento de pena. Se a condenação for de reclusão, a pena é cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. Na detenção, cumpre-se em regime semi-aberto ou aberto, salvo a hipótese de transferência excepcional para o regime fechado. Há ainda prisão simples, prevista para as contravenções penais e pode ser cumprida nos regimes semi-aberto ou aberto. e multa, e o crime prescreve em 16 anos.

Se esses crimes se tornarem hediondos, serão inafiançáveis e os criminosos só poderáo obter regime facilitado se cumprirem pelo menos 40% da pena.

Confira as 21 propostas em tramitação

O deputado Pedro Wilson (PT-GO), que propôs o seminário em comemoração aos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei 8.069/90), marcado para julho, é um dos que defendem a punição rigorosa dos criminosos para evitar que casos de abuso se repitam. O parlamentar critica a ineficiência do Estado no combate ao crime. Como exemplo, citou o assassinato de sete jovens em Luziânia (GO) por Ademar de Jesus Silva, entre o fim do ano passado e o início deste. O assassino já havia sido condenado por abusar de duas crianças em Brasília, mas foi liberado por um juiz para cumprir a pena em regime aberto.
Ademar só foi liberado porque seu nome não constava dos sistemas de buscas de antecedentes criminais – em 2000, ele teve sua prisão decretada por uma tentativa de homicídio, em Serra Dourada (BA). “Falta no Brasil uma rede de informações que permita a troca de dados entre estados”, diz Pedro Wilson.

Outra medida defendida pelos deputados ligados ao tema é o tratamento dos agressores junto à aplicação de penas. “Não há rompimento da violência se ela não for rompida na cabeça do agressor, mas isso não significa impunidade”, diz Maria do Rosário (PT-RS), que foi relatora da CPMI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Questão Cultural - De acordo com dados do Disque Denúncia Nacional da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência (Disque 100), a maioria das vítimas de abusos é do sexo feminino (veja quadro).

O problema, dizem os parlamentares, é também cultural. “Existe ainda um viés machista na nossa sociedade, que enxerga a criança como patrimônio do adulto. Então, ele acha que pode bater e abusar”, diz Rita Camata (PSDB-ES), que foi relatora do ECA na Câmara.
Segundo a deputada, a violência sexual encontra causas em todos os setores da sociedade, mesmo naqueles que deveriam proteger a criança, como a escola, a Igreja e o Judiciário. “Há juízes que interpretam o abuso como insinuação da criança, como se o adulto fosse vítima do assédio infantil”, critica Camata.

Maria do Rosário também alerta para uma naturalização da violência sexual contra crianças e adolescentes no País. A própria mídia, afirma, erotiza a criança. “Para a criança, a erotização da mídia é uma brincadeira. Para os exploradores, é um caminho para o abuso.”
Fonte: SEDH

Câmara homenageia Neide Castanha por luta a favor das crianças

Repórter Janine Moraes
Da Agência Câmara de Notícias

A Câmara realizou ontem (17) sessão solene em homenagem póstuma a Neide Castanha, ex-secretária-executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, morta em janeiro em decorrência de um câncer no intestino. A sessão foi realizada em lembrança ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio).

A sessão foi proposta pelo deputado Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE). Segundo ele, a homenageada foi "um farol" na construção de uma consciência coletiva em torno dos direitos das crianças e adolescentes brasileiros, e "esteve desde os primeiros momentos engajada em todas as discussões importantes sobre a questão da criança e do adolescente”.

Lustosa citou a atuação de Neide Castanha na discussão do Estatuto da Criança e do Adolescente, há 20 anos; e durante os trabalhos da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que tratou da exploração e da violência sexual contra crianças e adolescentes, em 2003 e em 2004.
O deputado também lembrou que a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da qual ele faz parte, contribuiu para garantir a aprovação de projetos sobre o tema na Câmara.

Luziânia - Com base nos recentes crimes cometidos em Luziânia (GO), onde o pedreiro e ex-presidiário Adimar Jesus da Silva assumiu o abuso e assassinato de seis adolescentes, Paulo Henrique Lustosa cobrou tratamento diferenciado às pessoas acusadas de exploração sexual de crianças e de pedofilia. "Esses crimes parecem ser a mesma coisa, mas não são", afirmou.
Segundo ele, o explorador sexual precisa ser punido como a lei manda e o pedófilo, além disso, deve ser tratado. "Caso contrário, a lei vai ser cumprida, mas o problema vai se repetir em razão de o pedófilo não ter sido adequadamente tratado pelo Estado", afirmou.

Ensinamentos - A sessão solene foi presidida pelo deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), que leu um texto no qual o presidente da Câmara, Michel Temer, destaca a atuação de Neide Castanha. "Sempre que nos depararmos com situações vergonhosas em que crianças e adolescentes estiverem submetidos a qualquer tipo de violência e discriminação, sempre que nos sentirmos agredidos por essa realidade, poderemos recorrer aos ensinamentos deixados por Neide Castanha para resgatar a esperança na solidariedade e na ação responsável do Estado", disse.

Segundo Temer, o Brasil perdeu muito com a morte de Neide: "Perderam as crianças e adolescentes brasileiros. Perdemos uma guerreira incomparável, mas ficamos com o seu dignificante exemplo. Onde quer que esteja agora, Neide Castanha certamente ficará feliz em saber que seguimos lutando a sua luta e que a sua memória é um farol na defesa dos direitos humanos."

Para Benevides, Neide Castanha "se dedicou, de corpo e alma, à tarefa de assistir a crianças e adolescentes, e soube fazê-lo com incomparável devotamento, o que a credencia a merecer hoje o reconhecimento de todos nós por meio da Câmara dos Deputados".

Disque 100 registra mais de oito mil denúncias contra crianças e adolescentes nos quatro primeiros meses de 2010

O Disque 100, serviço nacional de denúncia de violências contra crianças e adolescentes coordenado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), registrou 8.799 denúncias nos quatro primeiros meses deste ano. A média é de 73 denúncias por dia. Os registros de violência sexual contra meninos e meninas representam 32% do total das 123.322 denúncias recebidas desde o início do serviço, em 2003.

Das denúncias de violência sexual registradas no Disque 100 em 2010, 66% são de abuso sexual e 33% de exploração sexual. Em 2009, o abuso sexual representou 64% dos registros.
As principais vítimas são as meninas. A maior parte das denúncias recebidas pela central são contra elas: 62%. Esse número sobe para 82% quando as denúncias são de violência sexual.

Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes da SDH/PR, Leila Paiva, o número pode ser ainda maior. “Nas últimas campanhas estamos orientando a população a procurar o Conselho Tutelar ou o Disque-Denúncia da sua cidade, para só depois, caso não tenha sucesso, ligar para o Disque 100. Por isso, o número de denúncias é muito mais elevado”, explica. O objetivo, segundo Leila, é concentrar no serviço nacional de denúncias as situações que não surtiram efeito mesmo depois de chegarem às autoridades locais.

O Disque 100 recebe todos os tipos de denúncia sobre violações dos direitos da criança e do adolescente. Desde 2003, quando o serviço passou a ser coordenado pela SDH/PR, o serviço realizou mais de 2,4 milhões de atendimentos. No ano passado, o Disque 100 recebeu uma média de 82 denúncias por dia.

Os Estados que mais denunciaram no ano passado foram: Distrito Federal, Espírito Santo e Rondônia. No ranking dos registros de exploração sexual contra crianças e adolescentes o Mato Grosso do Sul apresentou o maior índice de contato com o Disque 100. Em segundo lugar ficou o Mato Grosso e, em terceiro, a Bahia.

Para estimular as denúncias de violência contra crianças e adolescentes, o Disque 100 tem uma escuta especializada. Segundo Leila, os operadores do serviço foram treinados não apenas para orientar as vítimas, mas para encaminhar, em menos de 24 horas, a denúncia às autoridades competentes do município ou do estado.

“Uma simples denúncia pode parecer um ato isolado, mas às vezes previne algumas violências que facilmente poderiam ser evitadas se as pessoas tivessem a coragem de denunciar”, disse Leila Paiva.

Conheça o Disque 100 - O serviço funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. A ligação é gratuita e o usuário não precisa se identificar. Também é possível fazer a denúncia através do e-mail disquedenuncia@sedh.gov.br. O serviço é executado pela SDH/PR em parceria com a Petrobras e o Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes (Cecria).
Fonte: SEDH

18 de maio - Campanha Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual é lançado com flores e recital de poesia, em Brasília (DF)


A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), por meio da Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNPDCA), lançou nesta terça-feira (18), em Brasília, a mobilização nacional pelo 18 de Maio – Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A mobilização é uma realização do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.


Participaram da cerimônia o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR); a ministra Márcia Lopes, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); a subsecretária nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira; representantes das de diversas áreas do governo federal, a representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Marie-Pierre Poirier; secretário-executivo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, João Carlos Nogueira; entidades da sociedade da civil parceiras da campanha; e crianças e adolescentes que integram diversos projetos sociais.

A cerimônia foi aberta com uma saudação da adolescente Dayana Cordeiro, que disse algumas palavras sobre a flor, símbolo da campanha. Ela é integrante do projeto Geração, voltado para meninos em situação de rua no Distrito Federal. Em seguida a atriz Elisa Lucinda recitou poesias sobre crianças e adolescentes, e foi muito aplaudida pela platéia que lotou o Salão Negro do Ministério da Justiça.

“O Brasil vai deixando para trás o medo. As lágrimas ainda estão presentes, mas já começam a se misturar com essas flores”, disse o ministro Vannuchi, em referência às flores que foram espalhadas por crianças e adolescentes no majestoso jardim Burle Marx, do Ministério da Justiça. Vannuchi ressaltou a importância do trabalho de Neide Castanha. “Uma lutadora pela igualdade racial, pela dignidade da mulher, pelos direitos das crianças e adolescentes e até pela diversidade sexual”.

Vannuchi enfatizou ainda a parceria do governo federal com grupos empresariais em torno do combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. “É a primeira vez no Brasil. O presidente Lula chamando empresas para debater o problema. Petrobrás, Vale, empreiteiras, construtoras de estradas, portos, todos juntos para combater essa violação dos direitos humanos”, disse. Vannuchi lembrou que a terceira edição do Programa Nacional de Direitos Humanos não encontrou resistências na área de crianças e adolescentes. “O Brasil tem um bom programa para os próximos cinco ou dez anos”.
Na opinião da ministra do MDS, Márcia Lopes, “todas as pessoas devem estar atentas para o cuidado com o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes”. A ministra enfatizou que os cuidados com a família tem sido prioridade neste governo.

Prêmio - Foi lançado o prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes. A iniciativa é uma homenagem à assistente social Neide Castanha, que morreu em janeiro deste ano. Neide foi uma das mais agueridas defensoras dos direitos humanos. O prêmio é destinado a pessoas físicas e jurídicas que se destacam na promoção e defesa dos direitos infanto-juvenis no enfrentamento da violência sexual.
A iniciativa é uma homenagem à assistente social Neide Viana Castanha, falecida em janeiro deste ano e reconhecida defensora dos direitos humanos, dedicando grande parte de sua vida à luta contra a violência a que são submetidas crianças e adolescentes no Brasil. O Prêmio é destinado a pessoas físicas e jurídicas que mereçam destaque por sua atuação na promoção e defesa dos direitos infanto-juvenis no enfrentamento da violência sexual. Durante a cerimônia, a atriz e poetisa Elisa Lucinda fará uma homenagem póstuma à Neide Castanha. O Prêmio consiste na concessão de título de reconhecimento público e será anualmente promovido pelo Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, em parceria com a Comissão Intersetorial de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.O Prêmio Neide Castanha terá as seguintes categorias: Boas Práticas; Produção de Conhecimento; Cidadania; Protagonismo de Crianças e Adolescentes e Responsabilidade Social. As inscrições terão início no mês de outubro e encerram no dia 30 de janeiro de 2011. O regulamento e o formulário de inscrição estarão disponíveis no site do Comitê Nacional (www.comitenacional.org.br).

No final da cerimônia, o compromisso com o combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi reforçado quando todos os presentes repetiram juntos: “Esquecer é permitir, lembrar é combater!”.

Seminário

Nos dias 20 e 21 de maio será realizado o seminário Nacional “Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes: novas estratégias de enfrentamento”, no auditório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília (DF). A iniciativa é uma parceria da SDH/PR e do Conselho Nacional do Sesi. O secretário-executivo da SDH/PR, Rogério Sottili, e a primeira-dama, Marisa Letícia, confirmaram presença.

Por que o dia 18 de maio? A data foi escolhida porque em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), um crime bárbaro chocou o país e ficou conhecido como o “Crime Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas 8 anos de idade, que foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens da classe média-alta daquela cidade. Esse crime, apesar de sua natureza hedionda, prescreveu impune.

Fonte: SEDH

Secretaria Especial de Direitos Humanos se mobiliza para combater a Pedofilia

A Secretaria de Direitos Humanos (SDH), ligada à Presidência da República, lança uma campanha amanhã para combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. O lançamento da campanha, que mais uma vez deve utilizar uma flor com o slogan Faça bonito. Proteja nossas crianças e adolescentes, será no Parque da Cidade, às 8h da manhã.
A SDH reinicia a campanha para marcar a passagem do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 18 de maio, terça-feira. Nesse dia, será lançado o Prêmio Neide Castanha, para projetos e iniciativas com resultados eficazes no enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes. Neide Viana Castanha, morta em janeiro deste ano, foi secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
A secretaria também prepara a exibição de filmes com a temática voltada para os direitos humanos. Sonhos roubados, de Sandra Werneck, será exibido na segunda-feira e A trajetória X, dirigido por Fernando Villar, na terça, ambos nas salas do Pier 21.

Rio de Janeiro

No Rio, a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) desencadeou ontem uma operação especial de combate à pedofilia em todo o estado. Um homem de 27 anos foi preso em seu local de trabalho, em Botafogo, Zona Sul do Rio, acusado de ter praticado violência sexual contra sua enteada de 12 anos. O crime teria sido presenciado pelo irmão da vítima, de 8 anos.
A prisão foi a primeira ação da operação que vai até a próxima terça-feira. Até lá, a equipe da Dcav fará uma força-tarefa para cumprir mandados de prisão e fechar inquéritos. Praticamente toda a equipe da delegacia está envolvida nessa operação. Vamos acelerar o trabalho para ter resultados, destacou o delegado Luis Henrique Marques Pereira.
De acordo com o delegado, 68% dos casos investigados pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima são de abuso sexual de crianças e adolescentes. A maioria das denúncias é feita por pais, familiares ou vizinhos das vítimas.

Fonte: Correio Braziliense

domingo, 16 de maio de 2010

Operação Mitang

O Ministério Público do Trabalho na Paraíba divulgará, no próximo dia 18, novas estratégias de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes para fins comerciais. O MPT já firmou parceria com a Polícia Rodoviária Federal e novas operações serão realizadas nas próximas semanas em vários pontos do Estado. As datas e os locais não serão divulgados por questões estratégicas.

Em março passado o MPT e a PRF divulgaram para a imprensa imagens da chamada Operação Mitang, trazendo cinco flagrantes de prostituição infantil na Grande João Pessoa. Sem saber que estavam sendo filmadas, adolescentes confirmaram que estavam se prostituindo e cobrando de R$ 20 a R$ 50 por programa, e que havia motéis onde se entrava facilmente, sem precisar comprovar a maioridade.

Outro objetivo da operação foi fiscalizar o TAC firmado entre o MPT e os motéis, em novembro, que exige a identificação dos frequentadores desses estabelecimentos, como forma de coibir a entrada de menores.

O procurador do Trabalho Eduardo Varandas disse que essa parceria com a PRF vai continuar.

O dia 18 de maio

O dia 18 de Maio foi instituído pela Lei Federal Nº. 9970/00 o Dia Nacional de Luta contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi escolhida porque em 18 de maio de 1973, em Vitória (ES), um crime bárbaro chocou todo o país e ficou conhecido como o “Caso Araceli”. Esse era o nome de uma menina de apenas oito anos de idade que foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada por jovens de classe média alta daquela cidade. Esse crime, apesar de sua natureza hedionda, prescreveu impune.

Fonte: Ascom PRT 13ª Região/ Paraíba

"Medo de se expor ainda é maior dificuldade"

Presidente do TJ-SP diz que criança abusada "demora a exteriorizar. Às vezes nem exterioriza, não fala, pra não ser apelidado"

O presidente do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, afirmou durante o 5º For-JVS (International Forum of Justice), realizado na última semana, na Fiesp, que a internet deu um “impulso” a um problema comum “no decorrer da história”. Segundo ele, com a exposição de fotos, filmes e contatos via webcam, crianças ficaram mais vulneráveis aos crimes de pedofilia.

No entanto, segundo ele, a grande dificuldade para a apuração de casos de abusos ainda é o medo da criança agredida em exteriorizar o problema. Durante a apresentação do fórum, há duas semanas, o desembargador causou polêmica ao dizer que as denúncias contra padres da Igreja Católica eram omitidas porque as vítimas temiam ficar conhecidas como “comida de padre”.

“A grande dificuldade é que quem é agredido demora a exteriorizar. Às vezes nem exterioriza, não fala, pra não ser apelidado. Isso só acontece dali a anos, quando pode desenvolver depressão profunda e complexos. A vergonha é igual à da mulher quando acontece o estupro”.

Viana diz que a situação tende a ser mais bem combatida à medida que forem criados mecanismos que garantam a segurança ao denunciante, tal como aconteceu com a instalação das delegacias para a mulher. “A mulher era violentada ou apanhava do marido e não ia para delegacia porque iam ser atendidas por homens que a ridicularizavam e perguntavam se não tinham sido abusadas voluntariamente. Hoje a delegada é mulher. E temos a Lei Maria da Penha. Temos que ter delegacias com profissionais com preparo psicológico para saber lidar com esse adolescente e deixar a criança mais à vontade”, disse.

“No Judiciário temos as varas de Infância e Juventude. Porque muitas vezes o problema está na família e o assistente social faz trabalho de campo para saber o que se passa com a criança. Se nós profissionalizarmos o combate, como aconteceu com a delegacia da mulher e lei Maria da Penha, vai haver essa conscientização”, disse Viana.

Outras dificuldades

De acordo com David Brassanini, adido no Brasil do FBI, a polícia federal norte-americana, as inovações tecnológicas e o maior acesso a serviços como internet se transformaram em terreno fértil para grupos criminosos ligados à exploração sexual. Segundo ele, os crimes cibernéticos estão “cada vez mais sofisticados” porque beneficiam o anonimato.

Para o agente, a prática de pedofilia não distingue países ricos e países pobres. Os pilares para o crime, diz, são a comunicação, a facilidade de obter dinheiro ilícito e a possibilidade de mudarem rapidamente de lugar.

A forma de se combater a questão, segundo Brassanini, é mapear, por meio de uma força-tarefa entre Ministério Público e policiais, as formas com que as organizações se comunicam e identificar a fonte de recursos com as quais atuam. Para isso, defende, é fundamental que haja agilidade em relação a indícios observados na internet, que podem ser retirados no ar a qualquer momento.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/medo+de+se+expor+ainda+e+maior+dificuldade/n1237620404604.html

As meninas de Fortaleza

Inimiga da máfia italiana, procuradora levou à prisão aliciadores de menores em Fortaleza

O avião fretado partia toda semana de Roma e Milão com destino a Fortaleza (CE). Na bagagem, os cerca de cem passageiros, a maioria entre 40 e 50 anos, levavam camisinhas, Viagra e a expectativa de conhecer finalmente o lugar onde encontrariam “meninas bem novinhas, bem baratinhas, que se entregavam com um simples presentinho”, como descreviam os operadores de viagem italianos.

A suspeita sobre o esquema chegou, em 2005, às mãos de Diana de Martino, procuradora da República italiana e coordenadora do departamento ao crime organizado de Roma. Uma das principais responsáveis pelo combate à máfia italiana, hoje enfraquecida após 20 anos de cerco sobre os principais líderes das organizações, a procuradora assumiu a investigação do caso e determinou que agentes se infiltrassem nessas excursões para mapear a rede criminosa.

A ação, mais tarde batizada como “Operação Meninas de Fortaleza”, demonstra como funciona o mercado de serviços sexuais oferecidos no Brasil, uma rede combatida pelos mesmos responsáveis pelo cerco aos temidos grupos mafiosos como a Cosa Nostra (da Sicilia) e a Comorra (de Napoles). Mostra também, segundo ela, como o combate à pedofilia é efetivo quando existe cooperação adequada entre nações.

Diana esteve no Brasil, na última semana, para participar do 5º For-JVS (International Forum of Justice), que neste ano teve a pedofilia entre os principais temas a serem debatidos entre especialistas de vários países.

“Durante as investigações foi descoberto que o operador de turismo que providenciava esses voos em Fortaleza era um italiano que havia se radicado há muitos anos no Brasil. Todas as agências italianas contatavam esse italiano. Um inquérito feito a pedido da polícia brasileira, em Fortaleza, já apontava esse italiano em vários atos sexuais com menores de idade”.

Agentes infiltrados

Com base nessas informações, foi aberto um inquérito na Itália que contou com trabalho de escutas telefônicas entre o operador no Brasil e três agências de turismo, sediadas em Roma, Palermo, Torino. “Os policiais fizeram contatos com essas agências como se estivessem interessados no serviço”.

Enquanto isso, relata a especialista, um grupo de investigadores foi enviado ao Ceará para fazer um levantamento sobre o agenciador italiano. Descobriram com quem ele andava, quem recebia as pessoas no aeroporto e em quais hotéis os clientes eram levados. “Houve uma coordenação investigativa conjunta entre policiais brasileiros e italianos, que contou com militares da embaixada italiana no Brasil. Eles deram apoio aos três infiltrados, que partiram em datas diversas depois que a situação estava mapeada”.

Ao chegarem ao aeroporto, os policiais souberam que o operador italiano contava com a ajuda da própria mulher e um funcionário. Lá, o grupo recebeu instruções para alugar carros e se dirigir para determinado hotel, onde meninas iriam encontrá-los. Os funcionários do hotel já tinham instruções para garantir a noite dos clientes. Não pediam sequer documentos para identificação das meninas.

Já no hotel, os policiais fizeram fotos dos homens com as meninas e registraram a entrada delas nos quartos. “O principal problema processual era mostrar que as meninas tinham menos de 16 anos. Assim ficaria caracterizado um ato que prejudica uma pessoa de nacionalidade estrangeira. Com ajuda da policia do Ceará, algumas foram detidas e identificadas. As crianças foram acompanhadas até a casa delas e os policiais obtiveram dados. Com isso, a polícia voltou à Itália com todos os dados para solidificar a denúncia”.

Dias depois, conta a procuradora, o operador italiano voltou à Itália, para visitar parentes no Natal. Contra ele já havia uma medida cautelar determinando sua prisão – que, caso ocorresse no Brasil, teria o processo arrastado por conta de um eventual pedido de extradição. Com ele foi apreendido um computador com o registro de todas as viagens, contatos e pagamentos. “Ao mesmo tempo, Fortaleza começou a interrogar as pessoas no Brasil. Na Itália prenderam o casal e pegaram a lista dos homens e obtiveram confissões de todos eles, que não tinham como negar os fatos por causa das fotos. Tentaram mostrar que não sabiam que eram menores. Mas, pela lei italiana, não era justificativa”.

Condenados

Segundo Diana, todos os acusados foram processados. Os agentes de viagens foram condenados a quatro anos de prisão e os clientes fizeram acordo com a Justiça para cumprir penas reduzidas.

“Cheguei a viajar a Fortaleza durante as investigações. Pude ver que as meninas eram muito pobres e precisavam de um modo para ganhar a vida. Infelizmente casos assim ainda são comuns no seu País”, disse.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/as+meninas+de+fortaleza/n1237620799183.html

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Brasil apura tráfico de meninos haitianos

A Polícia Federal e a Interpol investigam se o Brasil virou rota do tráfico internacional de crianças haitianas. A suspeita surgiu depois que um garoto de 11 anos, raptado no Haiti, foi encontrado sozinho na estação de metrô Corinthians-Itaquera (zona leste de São Paulo) em dezembro do ano passado.

Segundo o coordenador de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de SP, desembargador Antonio Carlos Malheiros, várias crianças do Haiti foram trazidas ao Brasil em 2009 em um esquema internacional de tráfico de seres humanos.

O destino delas era a Guiana Francesa. A investigação ainda tenta descobrir por que o Brasil seria rota de passagem para aquele país e se, de lá, as crianças iriam para outros destinos.

Outra dúvida é a finalidade. "Não sabemos ainda qual o motivo desse tráfico. Pode ser para adoção, exploração sexual, trabalho escravo ou tráfico de órgãos", afirmou Malheiros.

O desembargador disse também que ainda não é possível dizer quantos foram vítimas desse esquema, mas, segundo ele, o menino encontrado no metrô em Itaquera afirmou à Justiça que foi trazido ao Brasil com outras crianças haitianas.

"Aparentemente, saíram [do Haiti] clandestinamente. Mas só a investigação da polícia poderá dizer ao certo como foi."

O caso do menino achado em São Paulo foi revelado ontem pelo "Jornal da Tarde".

A ONG Mães da Sé, que reúne dados de pessoas desaparecidas, chegou a divulgar em seu site uma foto com informações do menino haitiano. Isso levou um homem até a entidade em busca de dados sobre o garoto.

Depois que a organização soube que o menino estava com a Justiça, os dados dele foram retirados da internet. Ontem, a PF orientou a ONG a não informar mais sobre o caso.

Desde a véspera do Ano-Novo, diz o desembargador, o garoto haitiano encontrado em São Paulo está em um abrigo.

Segundo a Justiça, a mãe do menino morreu no terremoto que atingiu o Haiti em 12 de janeiro deste ano. O pai dele está vivo e aguarda o seu retorno. "Ele já demonstrou vontade de voltar para o Haiti. Em breve, deverá ser enviado de volta."


A PF não deu detalhes sobre o caso. O Ministério das Relações Exteriores informou o governo haitiano, mas disse que não sabe como estão as negociações para a volta do garoto.

Antecedentes

Esse não foi o único caso recente envolvendo o tráfico de crianças haitianas. Dezenove dias depois do terremoto, dez americanos foram detidos em Porto Príncipe quando tentavam atravessar a fronteira para a República Dominicana com 33 crianças com idades entre dois meses e 12 anos. Eles foram acusados de atuar num esquema de adoção ilegal.

Dois meses após o terremoto, um casal haitiano e uma boliviana foram presos na Bolívia sob a suspeita de tráfico humano para a exploração sexual e de trabalho. Com eles, estavam 27 crianças e adolescentes com idades entre seis e 17 anos.

Fonte: Folha de S. Paulo